Entre becos e ruelas, curvas sinuosas e descidas avultadas até demais, em uma das travessas da Rua Voluntários da Pátria, uma rua quase que rural, com galinhas passando para lá e para cá, há uma casinha modéstia e simples, ainda remetente as décadas passadas, parece querer resguardar algo que não se quer esquecer, uma lembrança de um lar feliz, ou de uma família que foi consagrada e cultivada meio àquela residência.
Lá havia um senhor, muito simpático e bastante atencioso, um pouco tímido, mas cortesia era maior que seu acanho. Viúvo e sozinho, que usa desta solidão para aprender novos ofícios e exercitar a coordenação motora e passar o tempo dispensável, então ele senta na varanda de sua humilde moradia e constrói cata-ventos e expõem-vos nos muros e no portão, alegrando e dando vida à pacata vida do aposentado Nelson Bovo, de 69 anos, que após a morte da sua esposa, o reservista de 1962 aproveitou o tempo ocioso para criar e fazer a alegria das crianças da rua, e daquelas que passam por lá, para fazer tratamento no Hospital São Camilo.
A arte não é nenhum mistério, afinal existem artesões que constrói algo mais útil, porém pela simplicidade dos detalhes e a sutileza que o senhor Nelson produz, além da rapidez, pois em menos de 20 minutos já está pronto o cata-vento, qual ele compartilha com seus filhos, netos e bisnetos, que adoram e se orgulham da obra do jovem-ancião artista plástico, transformando simples garrafas pet de refrigerante, um cd e com seu canivete nas mãos, em muita criatividade em belos objetos de arte, ou melhor, brinquedos de vento.
Nelson Bovo pode não ser uma pessoa famosa e de renome, mas é uma figura que representa o autentico pacato aposentado da periferia. Ela vai à missa uma vez por semana, de preferência aos domingos, faz compras no supermercado, assiste TV, mas descobriu que com apenas alguns instrumentos há em sua casa, que provavelmente seria lixo depois de usados, poderia transformar aquele calmo e tranquilo aposentado em um artista, usando de seu tempo ocioso, dando alacridade à vizinhança da Rua Tomé Ferreira, na divisa do bairro Jardim São Paulo com Santana.
Um grande exemplo que não poderíamos deixar escondido em sua pacífica vidinha de um morador de bairros longínquos do centro da maior cidade, São Paulo, podendo aprender que mesmo depois de aposentados, podemos aprender, e enquanto algumas pessoas apenas se preocupam em ganhar dinheiro para obter bens materiais e se exibir para sociedade, que apenas importa com o que você tem, e não com quem você realmente é, têm aqueles que já são veteranos dão o exemplo em atitudes, demostrando que não há idade para descobrir e conhecer algo novo.
Por: Patrícia Visconti
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