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Adultos antes do tempo


O poema "Miniatura" é um poema do livro Praga de Poeta, de Victor Rodrigues. Este poema está bastante presente na vida moderna, em que crianças querem ser adultas antes do tempo, parecendo 'mini gente'.

Particularmente, isso estraga a criança, pois ela acaba não vivendo a época mais pura e inocente da vida, que é ser criança, então depois de grande, ela não vai ter histórias e machucados, para contar e se recordar, pois ela preferiu ser gente grande, antes do tempo e não sabe nem ao menos o que é ser criança.

Assista o vídeo do poema abaixo e veja mais ilustrativo, o que é ser 'Miniatura':


MINIATURA

a bela adormecida agora vive acordada
à base de remédios, sempre estressada.
na terra do nunca invadiu o trabalho infantil,
produção em série, rentável como nunca se viu.
animais de espécies raras estão em extinção:
não há mais pica-paus, pernalongas, frajolas,
porquinhos, patolinos ou pequeninos piu-pius.
tom e jerry correram,
os ursinhos carinhosos se enfureceram,
zé colmeia partiu e scooby-doo sumiu.
não existem mais reis leões
nem meninos lobos nas florestas.
não é mais fantástico o mundo de bob;
os flinstones são civilizados,
os jetsons estão ultrapassados.
a turma da mônica brigou e se desuniu.
a bela é aquela que agora
espera a fera que perdeu a hora;
a fera que foi embora e bateu a porta,
a bela que agora chora e aborta.
cinderela se divorciou,
os anões pediram demissão,
alice voltou,
limparam as migalhas do chão,
aladin largou jasmine,
chapeuzinho mandou a vovó pro asilo,
pinóquio foi trocado por marfim,
fizeram couro do crocodilo.
o bicho-papão veio assustar,
trouxe a cuca pra pegar,
o boi-da-cara-preta pra ajudar
e não tem herói pra salvar.

a amarelinha desbotou,
a corda está arrebentada,
o barquinho afundou,
a bolha foi estourada,
o pequeno bote virou,
a dona aranha está cansada,
a adoleta acabou,
a borboleta tem empregada.
sem cozinha, sem comidinha,
sem passa-anel;
se quer casinha paga aluguel.
sem sujeira, nada de papel,
nem pipa, nem avião;
sem ciranda ou carrossel;
nem bola, bolinha ou balão no céu,
nem figurinha ou pião no chão.
a graça se esconde-esconde
porque a cabra-cega agora enxerga.
o gato-mia mas não se sabe de onde;
melhor fugir se não pega-pega.
roubaram a bandeira e ninguém sabe de nada;
corre cotia pra não ficar queimada.
lencinho branco manchado
caiu no chão e foi deixado.
moça bonita de coração gelado;
joão é bobo, não serve pra namorado.
duro ou mole, quente ou frio, morto ou vivo;
agora tanto faz.
a batata é fria, seu mestre não manda,
a estátua anda sem motivo.
nem cravo, nem rosa, nem lenda, nem prosa.
era uma vez nunca mais.

o pé-de-moleque já é calejado.
malandro, agora só dadinho viciado.
tubaína não ganha menina,
não faz ver teta de nega.
sem gibi nem amor,
deixa a maria dar mole
que com louvor ele chega.
de cigarro na boca,
sabor chocolate,
a surpresa já é pouca.
sabe bem do doce que quer lambuzar.
se acha o rei da cocada;
preta, branca ou queimada.
já passou da hora do geladinho esquentar.
então se apressa, sem conversa;
quebra-queixo de otário
que ficar no seu lugar.
diz que não se deixa mais enganar.

a história perde a magia,
a aquarela perde a cor,
a vida perde a fantasia,
o doce perde o sabor.

não precisa mais sonhar,
não tem porque imaginar.
com facilidade
tudo se monta e desmonta;
com praticidade,
sua brincadeira já vem pronta.

mas tudo isso custa muito caro,
perde-se o que é muito raro,
não há mais festa.
é o que se paga por uma infância vaga.
o que vemos é o que resta:
rosto pouco risonho,
alma com pouca beleza,
antecipada a decadência.
pago a preço de sonho,
pago a preço de pureza,
pago a preço de inocência.

como herança
um mal que pede cura.
crianças
ou adultos em miniatura?


Mais informações sobre o poeta e escritor Victor Rodrigues, confira seus contatos na WEB:
E-mail: pragadepoeta@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/pragadepoeta
Twitter: @pragadepoeta
YouTube: https://www.youtube.com/channel/UC6YwfAiz7P1S5yTJR1iGTFw?feature=watch

Bom é isso, ainda este ano, eu entro em contato com o Victor e faço uma entrevista com ele lá no O Barquinho Cultural.

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